domingo, 30 de setembro de 2007

Pintura óleo - Bill Foss

Descobri que não tenho tempo de viver todas as vidas que carrego dentro de mim...

Problema de Expressão - Clã

A letra é um facto bem comum nos encontros e desencontros...
Um dos melhores grupos portugueses.Tipo "Portishead", versão portuguesa.


"Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força consegue destruir."

Outono

O Outono é um peão do Inverno, Chega e reparte cartas,
Desnuda as árvores e os sentimentos,
Veste de cinzento a imagem momentânea,
Do poente e, no fardo descaído das tardes,
Fulmina as folhas, que planeiam, rendidas,
Como aparições sem volume,
Incumbidas de designar,
O gesto intolerável de uma impotência e uma derrota.
Nos decepcionará a primeira imagem,
Do ignóbil que oferece,
O Outono é unicamente um peão do Inverno.

As minhas estações são aqui, na minha ilha,
O mito do idêntico: “um eterno verão”,
E o Outono é o cinzento.









O leito pródigo das folhas,

A larguíssima soma de uma tristeza,
Mais além do espaço em que habitas,
À distância de um pensamento.

Enquanto no Verão tudo é inocente,
No Outono tudo é sombrio,
Também, não se anuncia cerimonialmente,
Como a primavera que surge simplesmente,
Deixando-nos instalados na perplexidade de que o tempo se desvaneça.
Não se pode duvidar que o Outono,
Possui o mais assombroso poder de transformação,
Figura inteligente que altera,
A natureza, o homem e a mulher,
Move sentimentos, arranca amores,
E nos deixa desnudos diante o frio da solidão.

(E o Outono é o cinzento, estação após estação é a cor do meu "estar"...)
Gostei do Poema de Taliesin o Poeta
System of a Down-Hypnotize

Brutal! Daron is so good at guitar!

sábado, 29 de setembro de 2007

Desarticulação

The Garden of Joan Miró

Brinquedo com enigmas por dentro,
desmancho-me e concentro
a minha angústia sobre cada peça ...
Dão-nos corda e começa
o movimento;
Mas depois é o tormento
de saber
se era tudo a valer
ou fingimento ...

Em ano de centenário do médico/escritor Miguel Torga

Cansada...


"Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...
E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar..."

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Salvador Dali


Dali se desdibuja

tirita su burbuja al descontar latidos

Dali se decolora

porque esta lavadora no distingue tejidos

el se da cuenta y asustado se lamenta

los genios no deben morir

son mas de ochenta los que curvan tu osamenta

"Eungenio" Salvador Dali.

Bigote rocococo

de donde acaba el genio a donde empieza el loco

mirada deslumbrada

de donde acaba el loco a donde empieza el nada

en tu cabeza se comprime la belleza

como si fuese una olla expres

y es el vapor que va saliendo por la testa

magica luz en Cadaqués.

Si te reencarnas en cosa

hazlo en lapiz o en pincel

y Gala de piel sedosa

que lo haga en lienzo o en papel

si te reencarnas en carne

vuelve a reencarnarte en ti

que andamos justos de genios

"Eungenio" Salvador Dali.

Realista y surrealista

con luz de impresionista y trazo impresionante

delirio colorista

colirio y oculista de ojos delirantes

en tu paleta mezclas misticos ascetas

con baionetas y con tetas

y en tu cerebro Gala Dios y las pesetas

buen catalan anacoreta.

Si te reencarnas en cosa

hazlo en lapiz o en pincel

Y Gala de piel sedosa

que lo haga en lienzo o en papel

si te reencarnas en carne

vuelve a reencarnarte en ti

que andamos justos de genios

queremos que estes aqui

"Eungenio" Salvador Dali.

Nota: Esta canção - E.un.genio Salvador Dali - do grupo espanhol Mecano, é uma bonita homenagem a um pintor que é uma das minhas paixões. Reparem na letra, um poema belo e certeiro. Os Mecano têm outras músicas dedicadas a pintores célebres, que hei-de trazer também a este espaço.

Interioridade

(Edward Weston_Nude_1936)

Aqui estou, cercada de mim,
melancolia trazida
do interior de um bosque,
silhueta a preto e branco
na figuração de um pássaro em voo lento.

Há quanto tempo,
só eu sei quanto,
as amarras de um barco
se quebraram,
no interior frágil
do instante em que fui vento,
ou apenas um abandono breve,
como as mãos no acto de dar.

No ângulo do grito e da língua
se explica a leveza das lágrimas,
circunfluência no interior das pálpebras,
longínquo lago na cintura dos lábios.

Cheguei ao lugar onde se cruzam
todos os ventos sem hálito
e chamo pelo nome os frutos e a fome,
para que ninguém se comprometa
ao tocar nos meus ombros.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

ALCATRAZZ - Hiroshima mon amour

The great voice of Bonnet!


Bomba nuclear é um horror que mal temos noção. Pior, acham que tudo "passou". Hoje, só há guerras "tribais", onde só se usam armas "convencionais" (termo que nunca consegui compreender). Gente pobre, que só tem seus AK-47 e seus distantes sonhos nucleares.

Por meu gosto...

(José Rui Teixeira)

Já se viram
num lugar que não é seu,
com tudo revirado,
como quem se perdeu
ou na pressa, foi deixado?

Busca-se algo que se conheça
ou que pareça
com o que se está acostumado..

Verdade!
Precisamos sobreviver,
então, buscamos fazer parte!

Nessas horas se deseja ter
outro nome,
outro rosto,
outra identidade..

Se fosse por meu gosto
ficaria de costas
para esse mundo infame
ou olharia de longe
a tal da humanidade!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Paula Rego expõe em Madrid


Madrid - É inaugurada hoje no Museu Nacional Rainha Sofia, em Madrid, uma exposição de Paula Rego em que a pintora apresenta cerca de duas centenas de pinturas, desenhos e gravuras.

A exposição é comissariada pelo historiador Marco Livingston, estará patente até ao dia 30 de Dezembro. É a maior e mais completa exposição retrospectiva da obra de Paula Rego.

Da exposição fazem parte 80 pinturas incluindo os monumentais quadros pintados a pastel, o material preferido da pintora desde 1994, 60 desenhos e 60 gravuras e litografias.

"Paula Rego nasceu em Lisboa em 1935"
"Dali"Honey is sweeter than blood.

"Há um espaço imenso em mim. Sinto como se fosse um barco bem pequeno navegando em um oceano tranquilo e calado. Meu corpo é o barco, um batel, uma jangada romântica que ruma sem destino certo em meio ao oceano que encontro quando respiro. Sou alma, sou mar. Sou a calma mesmo durante a tempestade que agita com ondas brancas a minha superfície. Há em mim a vontade irredutível de alçar voo, sem asas e instrumentos, sem ar e local de pouso. Há o querer inspirar doçura terna, há o querer ser doçura, há o querer não querer. Sou bicho, sou flor, sou pedra-da-Lua. Fui e serei uma estrela pequena num universo de estradas cadentes. Estou distante de todos os pólos, pontos cardeais, cordilheiras e nascentes. Estou distante do ruído e do ranger estridente que o mundo faz quando gira. Sou a planta que rasga o asfalto para sussurrar a quem passa que todo problema carrega em si a significância que damos a ele. Sou bem menos do que penso ser, sou poeira ao vento, sou átomo, uma reunião animada dos cinco elementos. Sou pássaro vivendo em liberdade dentro de uma gaiola invisível. Sou espírito em construção que aceita com reverência fazer parte da obra perfeita. Indefinidos os astros e ciclos, caminhos e ponteiros. Sou a menor ideia divina, a imperfeição que precisa da generosidade do cosmos, sou diferente do que sinto e tão igual ao que pareço quando me entrego. Sou você, seu sorrir e chorar. Somos fios de um tapete mágico ansiando pelo céu, o mesmo céu. Sou eterna e mortal. Carrego a gigantesca possibilidade de deixar de ser, a transformação. Sou a música inicial e em cada refrão, sou o nada em baixo volume. Há em mim loucura da criação do incerto, abismos iluminados e o mistério de não saber quem sou."

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Medo de saltar...














"Sei que nunca mais encontrarei coisa nenhuma nem ninguém que me inspire paixão. Sabes? Pôr-se uma pessoa a amar alguém não é tarefa fácil. É preciso ter uma energia, uma generosidade... É preciso uma cegueira... Há até um momento, logo ao princípio, em que se tem de saltar por cima de um precipício: quem reflecte não salta. E eu sei que nunca mais saltarei."

Nós sabemos o quanto!...

domingo, 23 de setembro de 2007

Afeição...


Todas as pessoas que passam pelas nossas vidas deixam as suas marcas num ir e vir infinito.
As que permanecem e vivem a Amizade... é porque simplesmente doaram seus corações para entrar em sintonia com as nossas almas.
As que se vão... nos deixam um grande aprendizado.
Não importa que tipo de atitude tiveram, mas com elas aprendemos muito.
Trocamos segredos, e respeitamos as divergências... Nas horas incertas, sempre chegamos no momento certo... se não aparecem, o silêncio basta, as palavras são demais...
Na amizade, ao contrário do que sucede na simpatia...a participação da vontade é decisiva.

sábado, 22 de setembro de 2007

Ninguém nos disse...














Fizeram-nos acreditar que amor mesmo, amor a sério,
só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos.

Não nos disseram que o amor não é accionado nem chega com hora marcada.

Fizeram-nos acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade.

Não disseram que já nascemos inteiros, que ninguém na nossa vida merece carregar às costas a responsabilidade de completar
o que nos falta: nós crescemos através de nós mesmos. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.

Fizeram-nos acreditar numa fórmula chamada “dois em um”,
duas pessoas que pensam igual, agem igual, que isso é que funcionava.

Não nos disseram que isso tem nome: anulação.

Fizeram-nos acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.

Fizeram-nos acreditar que os bonitos e magros são mais amados,
que os que “curtem” pouco são caretas,
que os que “curtem” muito não são confiáveis,
e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto.

Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.

Fizeram-nos acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade.

Não nos disseram que estas fórmulas não dão certo, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas.

Ah, nem disseram que ninguém vai dizer.

Cada um vai ter que descobrir por si só.
E aí, quando você estiver muito apaixonado por si mesmo,
vai poder ser muito feliz e apaixonar-se por alguém.

Tears And Rain...


Há climas temperados
em que se desespera.
De longe a longe, gritam
por livre liberdade.
Certas palavras são mais justas
no pino do silêncio.
Os barcos libertários são tragados
por mágoas profundas.
O tempo transfigura o corpo
e os seus sentidos.
Sinto os meus olhos rasos
das tuas lágrimas.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Bom dia...


Quero nascer de novo cada dia que nasce!
Quero ser outra vez nova, pura, cristalina. Quero lavar-me, cada manhã, do ser velho, da poeira velha,das palavras gastas, dos gestos rituais.
Quero reviver a primeira manhã da criação, o primeiro abrir dos olhos para a vida.Quero que cada manhã, a alma desabroche do sono como a rosa do botão, e surja, como a aurora do oceano, ao sorriso dos teus lábios, ao gesto de tua mão.
Quero me engrinaldar para a festa renovada com que cada dia nos
convida e desdobrar as asas como a águia em demanda do sol. Quero crer, a cada nova aurora, que esta é a definitiva, a do encontro com a felicidade, a da permanência
assegurada, a de teu sim definitivo.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Pensamento...

"Longe é um lugar que não existe...
Podem os quilômetros separar-nos realmente?
Se quer estar com alguém a quem ama, já não está lá?

Presentes de lata e vidro amassam e quebram num dia, somem para sempre. Mas eu tenho um presente melhor para ti.
... E quando esse dia chegar, deve dar seu presente a alguém que saiba que irá usá-lo bem, alguém que possa aprender que as únicas coisas que importam são as feitas de verdade e alegria, não as de lata e vidro.
Cada presente de um amigo é um desejo por sua felicidade."


[Richard Bach - Longe é um lugar que não existe]

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Uma gota...

Eu sinto os teus passos
Na escuridão
Pressinto o teu corpo
No ar, aqui
E vou como se o mundo todo fosse
Sugado para dentro de ti
E não houvesse nada a fazer
Senão deixar-me ir

Pressinto os teus gestos
Quando não estás
Procuro os teus sonhos
Perdidos
E hoje mais que qualquer outra noite
Há qualquer coisa que me fere
E que me faz querer tanto ter-te aqui...

Não importa
Se às vezes tudo é breve como um sopro
Não importa se for uma gota
De loucura
Que faça oscilar o teu mundo
E desfaça a fronteira
Entre a lua e o sol

Se um gesto cair assim
Despedaçado
Se eu não souber
Recolher a dor
Se te esperar a céu aberto
Onde se esconde
O que tu és que eu também sou
É que hoje mais que qualquer outra noite
Há qualquer coisa que me fere
E que me faz querer tanto ter-te aqui

Terminar a noite tranquila.... Mafalda Veiga, um sentir
Acalma meu coração...resplandece minha alma!

Jean-Michel Basquiat


Tudo o que é quente tem noite no fundo...

Neo-expressionista dos vários movimentos de vanguarda do fim do século XIX.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

"Mulher Nua Subindo a Escada"



As amonites, a espiral, o número.
A mulher busca o infinito interminável. Sobe os degraus da espiral
infinita, apesar de saber à partida que nunca chegará ao topo.
Mas subir é mais importante do que chegar.
Esta mulher nua e solitária emerge, como Vénus, transparente,
por entre a madrugada.
Dali, metafísico e irónico, fá-la erguer-se do limo primordial, qual
Afrodite distribuindo as riquezas terrenas, do mar aos céus, numa
eterna concha em espiral, que é a escada do seu destino.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007


Se você encontrar uma porta à sua frente, você pode abri-la, ou não.
Se você abrir a porta, você pode, ou não, entrar em uma nova sala.
Para entrar, você vai ter que vencer a dúvida, o titubeio ou o medo.
Se você venceu, você dá um grande passo: nesta sala, vive-se.
Mas, tem um preço: São inúmeras outras portas que você descobre.
O grande segredo é saber: quando e qual a porta deve ser aberta.

A vida não é rigorosa: Ela propicia erros e acertos.
Os erros podem ser transformados em acertos quando com eles se aprende.
Não existe a segurança do acerto eterno!

A vida é humildade: Se a vida já comprovou o que é ruim, para que repeti-lo?
A humildade dá a sabedoria de aprender e crescer também com os erros alheios.

A vida é generosa: A cada sala em que se vive, descobrem-se outras tantas portas.
A vida enriquece a quem se arrisca a abrir novas portas.
Ela privilegia quem descobre seus segredos e generosamente oferece afortunadas portas.

Mas a vida pode ser também dura e severa: Não ultrapassando a porta, você terá sempre essa mesma porta pela frente! É a cinzenta monotonia perante o arco-íris.
É a repetição perante a criação.
É a estagnação da vida.

Para a vida, as portas não são obstáculos, mas diferentes passagens!

sábado, 15 de setembro de 2007

Grease - mega Mix!


Por volta dos 8 anos vi este filme pela primeira vez, um classico!
I've seen it a millon times...
Há! John Travolta um charme! Olivia Newton John, sem dúvida uma loura linda! voz limpa,com o ritmo perfeito...
E sempre com a passagem no karaoke a musica dela está presente com a minha voz(pouco limpa) a tentar relembrá-la! ;)

*Bed of Roses*

Absolutly perfect! one of the best songs since 19 years ago.Where are they now???

Ontem uma noite louca de karaoke! me fez recorda-los, cantar com alma... estava a precisar de gritar em forma musical... ;)

Esquecer simples...


É chegada a hora...
É tempo de parar...
Esquecer...
Retornar ao caminho da razão!
Cortar o botão, para que a rosa não aflore
A semente foi lançada, germinou em solo fértil.
Estava crescendo a cada dia, mas não poderá florir.
Quanta ilusão, ousadia sonhar...
Esse amor jamais se deveria ter revelado!
Foi dor e lágrimas...
Tempo de esquecer!
E... existe essa magia, basta querer!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Volta Tolerância!...

Logotipo do Opeth, a trilha sonora para este post.


Há dias em que esse coração aqui diz baixinho que algo não vai bem. Nesse caso, a tolerância resolveu fazer uma viagem e me deixar sozinha, a ver navios... Abandonar-me de repente...

Isto me trouxe um sentimento de perda, de abandono, pois a despeito de meus inúmeros defeitos, sou considerada uma pessoa altamente tolerante. Não é à toa que costumo ser elogiada pelo meu desempenho profissional, e apesar do trabalho não ser fácil, o difícil mesmo é lidar com o ser humano. Disso eu não tenho a menor dúvida.

Foi a partir dessa falta de tolerância repentina que se criou essa fase tão louca e intrigante em mim. E diga-se de passagem, nem estou na TPM. Facto que corrobora ainda mais, para minha tristeza(ou não), uma possível permanência dos sintomas.

Sinto como se a ignorância me incomodasse, a insensibilidade me horrorizasse, a alienação me causasse ânsia de vômito e a teimosia me enlouquecesse.
Em tempos não muito remotos, situações que me provocassem incômodo, horror, enjôo ou loucura geralmente me levavam a atitudes directas, exasperadas, rudes e implacavelmente honestas até.
Mas nessa minha actual fase nada ortodoxa, estou tão estranha, que até em casos bem semelhantes aos habituais, me sinto impelida a agir de formas nunca antes experimentadas.

Portanto, uma reviravolta radical ocorre em minhas ações.
Diante da ignorância que incomoda, que não permite nenhum tipo de ajuda, nem discordância, tendo a me calar.
Diante da insensibilidade que horroriza, que promove equívocos, não me indigno mais.
Diante da alienação que causa ânsia de vômito, escolho balançar minha cabeça e apenas engolir o sapo.
E por fim, diante da teimosia que enlouquece, que dificulta qualquer diálogo ou conversa, prefiro ceder, tentando concordar e pronto.

O estranho é que mesmo depois de uma mudança tão visível e drástica como essa, algumas questões insistem em me atormentar.
Será que isso tudo não passa de mera evolução?
Será a vantagem da experiência, da idade chegando?
Será que estou ficando menos honesta e perdendo minha tão estimada autenticidade?
Será que estou deturpando meu bem mais precioso, meu carácter?
Será que agir assim é sinônimo de amadurecimento?
Será que é demonstração de sabedoria?
Será que é uma estratégia para evitar conflitos?

Sinceramente, não sei responder.
E espero que, se houve realmente uma mudança, que esta seja para melhor. Afinal, para que serviria amadurecer no que quer que seja a situação, se não para um efectivo aperfeiçoamento do ser?

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O que te fez gostar de mim?
A curiosidade?
Vi em teu olhar um chamado
e nos gestos vagos das tuas mãos a ansiedade
















Tinhas medo de dizer meu nome
estremecias quando eu me acercava.
O maior prazer da minha vida
eram teus receios, mas depois
tive o desespero dos teus beijos
em minha boca
e o prazer tornou-se tortura
de êxtases infinitos...

Enquanto não te dirigi a palavra não tiveste descanso, fizeste, talvez no momento ...para que eu prestasse atenção em ti. E foi assim que imergi no sonho! essa luta me fascina, valendo a pena.Valeu por quem és... pelo que te rodeia.Cada dia és um imprevisto nem sempre agradável...

Hoje, sou um grande amontoado de éramos e de fomos e de fizemos e de acontecemos.
Hoje, por hoje, sou nada.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Quantidade de trovões!


Poesia? Não hoje, não… Apetece-me escrever sim, mas nem sei bem por onde começar. Apetece-me dizer, gritar, espremer o que me vai na alma, esgotar um assunto até ao último ponto de interrogação, para que não haja mais reticências.
Será que a trovoada estrondosa de hoje e os relâmpagos com um azul forte, não de céu mas de tempestade…me afectarem? Não! Até gosto de assistir da janela essa obra da natureza…

Mulheres e Homens… com uma situação que ouvi hoje fica a seguinte narração:

Homens vivemos com eles, damos-lhe colo, partilhamos a mesma cama e passamos anos assim. Mas, apesar de tudo, não os conhecemos. Mas também poderia falar de algumas mulheres, que para além de podermos partilhar tudo… fazem sofrer desmedidamente... e acabamos também por não as conhecer.

Alguém um dia disse que os Homens são de Marte e as Mulheres de Vénus. Elas, românticas, idealistas, sonhadoras... Eles, guerreiros, práticos, pragmáticos... Claro que todas as generalizações são perigosas. Mas, as generalizações são isso mesmo. Algo que se aplica à maioria. E a maioria tem excepções. Sim algumas mulheres com excepções só compreendidas por quem as vive também.

Falando da generalidade, cada vez mais me convenço que alguns Homens vêm de outro planeta qualquer, diferente de Marte, e muito parecido com a Esquizofrenia (sem ofensa para quem, realmente, padece desta doença e não tem culpa nenhuma que determinados indivíduos supostamente saudáveis se comportem de forma incoerente). Nuns dias amam, adoram, desejam, querem... Nos outros não amam, não adoram, não desejam, não querem... Ou pior, amam, adoram, desejam e querem... outra qualquer. Isto tudo num espaço de dias ou, até, com diferença de horas. Sem apelo nem agravo. Mulheres podem ter este comportamento, digamos de forma bem mais inteligente!
Enquanto mulher, que lida de forma repetitiva com seres afectados por estes comportamentos díspares, tento atribuir causas para tais atitudes, tento justificar de acordo com a personalidade do indivíduo, tento compreender... e estico a corda até ao limite. Às vezes, até um limite além da razoabilidade, um limite que nunca deveria ser ultrapassado. Mas que é ultrapassado, em nome de um qualquer sentimento, de uma esperança, de um rumo que se procura...e não se encontra.

E quando se quer remediar tal esforço vão, já é tarde. A corda - já tão esgaçada - partiu. Sem conserto, nem remendo possível. E, com ela, parte-se o coração, a auto-estima, o amor-próprio.

Até que ponto se deve ceder? Até quando se deve acreditar e ouvir sem julgar? Cada pessoa tem os seus limites e, pelos vistos, os limites dos Homens mudam ao ritmo da plasticina: moldam-se consoante as conveniências. Num dia, com uma pessoa de quem supostamente gostam, não estão preparados para relacionamentos. No outro, com alguém que surge de repente, sabe-se lá de onde, estão preparados para tudo. Dão o corpo, a cama, a vida. Talvez seja amor. Ou talvez, não. Talvez seja a conveniência, o estar perto, o estar ali, o dar jeito.

As Mulheres também não vêm de Vénus. A realidade tem-lhes matado o romantismo, os ideais, os sonhos. As desilusões fazem-nas maldizer o dia em que acreditaram nas histórias de príncipes e princesas, nas quais, depois de afastar a bruxa, havia um final feliz.

Mas, nos dias que correm, há mais bruxas que príncipes e princesas. E já não há heróis que montam em cavalos brancos para salvar donzelas.

"Love is just physical these days", canta o Robbie Williams. E, às vezes, nem isso é. O físico cansa, passa, cai na monotonia, perde a piada. E, depois disso, é preciso ir em busca da novidade. Como se nada mais importasse. Como se os sentimentos não existissem, como se o mais importante não fosse estar unido na alma.

A sociedade é cada vez mais exigente, sobretudo para as mulheres. Têm de ser óptimas profissionais, boa aparência, inteligentes, boas amigas, boas namoradas, boas mães. Têm de ser pessoas ocupadas, mas estar disponíveis. Têm de estar sempre bem arranjadas, sem parecerem artificiais. Têm de ser confiantes, sem parecerem arrogantes. Têm de parecer acessíveis, sem serem fáceis. Têm de ser... muito mais do que elas próprias. Têm de ser o que os outros querem que elas sejam, para, depois do esforço, ouvirem que o mais importante é serem elas próprias.

Dar resposta às exigências, cansa. Até, porque, a tendência é para querer cada vez mais e dar cada vez mais. E o cansaço acumula. E é físico e psicológico. Por isso, exige um escape, uma fuga. Uma fuga da realidade, do que nos rodeia e de nós próprias. Mas essa fuga nem sempre é para longe. Por isso, acabamos por direccioná-la para pequenos momentos do dia-a-dia. Alguns saudáveis, outros nem tanto.

Enquanto procuramos dar resposta, procuramos, simultaneamente, fugir. Enquanto procuramos ser nós próprias, procuramos, simultaneamente, estar mais perto do ideal (por mais diferente que ele seja). Enquanto procuramos o sonho, tentamos viver a realidade. Por isso, talvez nós venhamos de um planeta semelhante à Dislexia. Saltamos letras e sonhos. Apagamos ideais, que já não podemos ter. Baralhamos sentimentos, que já não nos convêm. Resolvemos o que é complicado, mas não conseguimos solucionar o que deveria ser simples. Direccionamos afectos numa direcção, quando sabemos que é a errada, por não sermos desejadas. Tudo para que os outros nos digam como somos. Para que os outros nos valorizem e nos lembrem quem somos. Porque no meio de uma amálgama de exigências, esquecemo-nos de nós próprias.

Talvez nada disto faça sentido. Talvez tudo isto tenha alguma lógica. Pelo menos, na minha cabeça. Perdão. No meu coração.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

THIS MORTAL COIL - LATE NIGHT


"O meu Mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais,
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante que nem eu mesma compreendo,
pois estou longe de ser uma pessimista.
Sou antes uma exaltada, com alma intensa,
violenta, atormentada,
uma alma que não se sente bem onde está,
que tem saudades...
sei lá de quê!"

domingo, 9 de setembro de 2007

Simplesmente...


Porque esta noite é tão vazia?
Porque esta noite é tão sem ar?
Será que o teu estar frio (in)constante até muda as estações?
Tudo deveria ser diferente...
Mais fácil,
Talvez mais decente...
Eu queria ir mais longe,
Devia ter ido mais longe,
Ir além dos meus sonhos,
Mas também ir além dos sonhos dos que já não sonham mais...
Ir adiante sobretudo das realidades.
Eu queria ir mais longe...
Eu quis mudar o mundo,
Sonho dos tolos!
Eu quis simplesmente ser feliz,
Ilusão dos tristes!
Eu queria ir mais longe,
Onde a solidão dormisse,
E o falar do mar não fosse este lamento obstinado...
Eu podia ter ido mais longe,
Longe de mim mesma...

hoje...


" Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes."
" Todo mundo é capaz de dominar uma dor, excepto quem a sente."

sábado, 8 de setembro de 2007

Pessoas únicas...


"It's easier to leave than to be left behind.", cantavam os REM há dois anos atrás. Lembro-me de na altura ter pensado muito nisto, no que custava mais - se deixar, se ser deixado - e de nunca ter chegado a uma conclusão muito certa sobre o assunto. No mundo dos vivos, quando somos nós a ir embora ou os outros a nos virarem costas, há sempre a possibilidade de mudar de ideias, de voltar atrás. Há sempre tempo para tudo, julgamos. Que erro mais cego, que lição mais cruel. Chega um dia que é cinzento, que não tem cheiro nem sabor, que não é igual a mais nenhum porque não é um dia, é uma noite sem fim, chega um dia que é cinzento, em que não sentes os pés porque já não sabes andar, não tens fome porque não há espaço para nada no vazio em que estás, chega um dia que é cinzento, em que descobres que chorar pode ser não deitar uma única lágrima, que querer abraçar pode ser ter medo, ter pavor de abraçar. O dia em que és deixado, em que te viraram costas. Não por uns tempos, não por semanas. Para sempre. No dia em que és deixado, quem te deixa está também a ser obrigado a deixar-te. Não quer ir embora, mas de um lugar qualquer o puxam com mais força que o nosso amor e o levam até a História deixar de o ser. Por isso a morte é um lugar estranho. Não se sabe onde está, quando vem, porque aparece, para onde vai, e o que por lá se faz. Por lá passei, e nada sei.
Se não fosse essa imposição do "ter de partir", hoje a minha avó estaria na terra presente em corpo,não ausente.E,garanto-vos,ela não queria ir embora por nada deste mundo, onde todos gostavam dela por ser a mais brincalhona e a mais simpática, a que mais lutou e a que mais colheu, a que mais sofreu e a que mais deu, a que mais riu, tanto, tão alto, tantas vezes. E deixou o legado do riso que vem dos confins da alma com a única neta, aquela que viu nascer, o primeiro sorriso, os primeiros passos, de mão dada entramos na escola da minha vida. Aquela que lhe quis dizer tantas coisas mas não foi capaz, porque o tempo corre mais depressa que o coração. A minha avó era única - não há cliché mais verdadeiro para a definir. E por ter sido única em vida, continua a ser única agora. Avó,sei que estás numa nuvem qualquer a acompanhar as minhas desventuras, nunca deixes de sorrir. Um dia... nesse tempo sem tempo, nos encontraremos no mesmo sorriso.

Não, hoje não estou em baixo. Hoje não sei onde estou.

Música para hoje, amanhã e depois...

"Hope There's Someone", Antony and The Johnson's

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Ao fim de algum tempo aprendes!


"Ao fim de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão, e acorrentar uma alma. E aprendes que amar não significa apoio, E que companhia nem sempre significa segurança. E começas aprender que beijos não são contratos, E presentes não são promessas. E não importa quão boa seja uma pessoa. Ela vai ferir te de vez em quando, e precisas perdoá-la por isso. Aprendes que falar pode aliviar as dores emocionais. Descobres que se leva anos a construir confiança, e apenas segundos a destruiu-la. E que podes fazer coisas num segundo, de que te arrependerás o resto da vida. Aprendes que as verdadeiras amizades crescem independentemente da distância, e que o que importa não é o que tens na vida, mas quem tens. Descobres que as pessoas de quem tu mais gostas, são te retiradas muito depressa. Por isso, devemos deixá-las sempre com palavras de amor, pois pode ser a última vez que as vimos. Aprendemos que a paciência requer muita prática. Aprendes que a paciência requer muita prática. Aprendes que quando estás zangado, tens direito a estar. Mas isso não te dá o direito de seres cruel. Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém. Muitas vezes, tens de aprender a perdoar a ti próprio. Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, Tu serás, em algum momento, condenado. Aprendes que não importa em quantos pedaços se partiu o teu coração. O mundo não pára para que o consertes. E, finalmente, Aprendes que o tempo não é algo que se possa voltar para trás. Portanto, Planta o teu jardim e decora a tua alma, Em vez de esperares que alguém te traga flores. E percebes que realmente podes suportar… Que és realmente forte!! Que podes ir muito mais longe, depois de pensares que não podias mais. E que, de facto, a vida tem valor. E que tu tens valor diante da vida. E que só o medo de tentar, Nos faz perder o bem que poderíamos conquistar."

( Será que as palavras não significam nada? Não são as ditas da boca para fora, são as que vem de dentro, as sentidas... Eu penso que essas são "as verdades" da vida! e estas são tão sentidas em mim... hoje.)

De tanto desejo
Desejei...
Que foge a mim
O discernimento...
Neste momento, só sinto,
Só sou.
Que se dane as
Convenções...
As boas e más
Intenções.
Que brote em
Mim os desejos.
E os beijos
Que sejam dados,
Roubados,
De ti.
E o fogo tome
Conta de nós.
E os nós sejam
Atados, apertados,
Nos desejos,
Nos beijos,
De nós dois.
E seja,
Enfim.
Os desejos
Saciados.
Pois o que
Tenho de melhor.
Hoje são os desejos,
Que sinto, que me
Permito ter.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Vida...


É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso...o eco dum lamento,

Sabe-se lá um beijo donde vem!
A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia...
A gente esquece sempre o bem de um dia.
isto é a Vida?

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Vanessa da Mata e Ben Harper - Good Luck


Magnífica a integração de vozes neste clip, gosto muito do tema...

(Lembrança de ultimo momento... de uma querida Amiga de excelente gosto musical, espero que goste deste dueto! )

Alma...


Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

De tudo...



De tudo só ficam três coisas:

A certeza de que estamos sempre começando.

A certeza de que é preciso continuar.

A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar.

Portanto devemos fazer:


Da interrupção um novo caminho.

Da queda, um passo de dança.

Do medo, uma escada.

Do sonho, uma ponte.

Da procura, um encontro...

Baby Can I hold you - Tracy Chapman


Não confundas o amor com o delírio da posse, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer. (...) Eu sei assim reconhecer aquele que ama verdadeiramente: é que ele não pode ser prejudicado. O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca.

(enigmático... como existe seres que não sabem sentir/diferençar o que é o amor ...)

domingo, 2 de setembro de 2007

Finais...


O melhor das coisas é não lhes conhecer o fim. Acordar e não saber como vai ser o dia, adormecer e nem sonhar com quem vou sonhar. Partir sozinha e encontrar a companhia certa. Ficar sozinha em casa à noite e ouvir a campainha tocar. Deixar-me ir na vida, viver e deixar viver sem grandes opções do plano.
Não é tão fácil como entregar a existência a um esquema de vida cheio de programas e obrigações, mas é muito mais agradável, porque a vida está sempre à espreita, é só dar-lhe tempo e espaço. Alguem que eu adoro, me olhou e me disse repetidamente... "Estás a perder o teu tempo comigo" como um fim de algo, que nunca houve o principio... só no meu querer, no meu olhar, no meu sentir... sim, só sinto algo realmente marcante quando sei que não perco tempo em sentimentos fictícios por muito que sejam transparentes para o outro ser.
Por isso é que os finais são horríveis. Fica o vazio, deixo de ver ao longe, de repente, apagam-se as luzes e a vida fecha-se aos meus olhos. Depois do fim vem a pergunta fatal: E Agora? Dá-me vontade de ir à bruxa para ter uma ideia, mas resisto, até porque elas também se enganam. Aproveito o tempo para telefonar aos velhos amigos, arrumar gavetas e deitar papéis velhos fora, limpar a memória e deixar o coração de molho e carregar baterias.
Mas, o pior são as despedidas. É sempre horrível quando me dizem adeus, mesmo que seja só até logo à noite. Ouvir um adeus não é fácil, tal como dizer. Por causa de tanta dor e sofrimento que a palavra trás. As separações tornam-se irremediavelmente dramáticas, mesmo que seja por uns dias, ou até uma tarde. Nunca me dizem até já, a não ser que o reencontro seja daí a cinco minutos. Dizem sempre adeus, ou na melhor das hipóteses até logo porque logo se vê. Por isso que os fins doem tanto. Porque além de acabarem ainda tenho que me despedir.
Não, não gosto de dizer adeus nem de ver o fim de nada, sobretudo se não lhes vir o princípio. Prefiro dizer até um dia destes, mesmo que esse dia demore anos. Ou então, afastar-me sem uma palavra, e deixar no ar o mistério de não saber quando, como e porque é que nos voltaremos a encontrar. Assim não sou eu que ponho fim às coisas, mas as coisas que um dia acabarão, ou não, por si.

sábado, 1 de setembro de 2007

Agora...




















Já se arrependeu de, em determinadas circunstâncias, não ter tomado atitudes que viessem, de alguma forma, melhorar a sua vida, o sentir? Ou dar sentido á vida de alguém?
Quando fazemos um exame de consciência, lembramo-nos de vários AGORAS que foram perdidos e que não voltam mais.
Que o arrependimento de não ter tido, não ter sido, não ter feito, não ter aceite...costuma ser doloroso e profundo.
Na realidade, o que nos impede, na maioria das vezes, de ter o que queremos, ser o que sonhamos, fazer o que pensamos e aceitar com o coração, é a ousadia que não cultivamos.
A ousadia, geralmente, é escrava do medo. Quantas vezes perdemos a oportunidade de ser felizes, pelo medo de ter a ousadia de amar.
Medo de ousar porque o objecto do amor era mais belo, mais jovem, mais velho, mais culto, menos inteligente...e aí...o tempo passou e o AGORA também... Quantas vezes perdemos a oportunidade de realizar um grande sonho, por não ter a coragem de ousar, de arriscar, deixando para depois ou para mais tarde o que deveria ser naquele AGORA....
Quantas vezes não pronunciamos, no momento oportuno, as palavras que gostaríamos de dizer, pelo medo de parecer ridículo e imaturo...
Quantas vezes ficamos, porque temos medo de partir. Quantas vezes partimos porque temos medo de ficar... Quantas vezes dizemos baixinho o que, na realidade, gostaríamos de gritar.
Quantos AGORAS perdemos esquecendo que o risco pode ser a salvação de muitas alegrias de nossas vidas.
O medo que nos impede de ser ousados no AGORA, também nos está a impedir de ver a pessoa linda, que poderemos ser!

Olha...

Na dança do tempo, o descompasso das horas, ainda é noite aqui dentro, amanhece lá fora. A porta entreaberta denuncia a loucura,o silêncio das coisas aumenta a clausura.
Na dança da vida, o descompasso do tempo, calmaria aparente, tempestade aqui dentro.
E a insónia insistente não quer ir embora, coração ainda sangra, vez por outra ainda chora.
Na dança dos versos, poemas que imploram, nostalgia que eu temo, inquietudes que afloram.
Um sorriso aparente para daqui a algumas horas.
Um café, um cigarro…
Na dança do tempo, beija-flor foi para longe,
voou bem depressa, planou para além da barreira da realidade...
Tempo húmido lá fora, secura aqui dentro, as notícias que guardo são antigas, faz tempo.
Madrugada fria de Agosto, respiração afrontada.
O poema que nasce não diz o que eu quero,
sei que não desisto, sei que não te espero.

Olha, olha para mim...
Olha com atenção...
Ouves o coração bater?
Acredita...
Aconteça o que acontecer
Ele irá continuar assim...