terça-feira, 31 de julho de 2007

Saudade...nunca se perde...só se transforma...

É aquela pressão no peito, aquelas lembranças que vão e vêm. Tal como quando inspiramos e expiramos. Algumas fazem-nos sorrir, outras as lágrimas quase cair.
Dói…dói…dói tanto que até quase sufoca. Tentamos pensar em coisas melhores, pensar em nos próprios, ver tudo pelo lado positivo e tirar partido da ausência. Tempos depois já nos faz lembrar de como seria se a outra metade estivesse presente.
Com uma estalada tentamos recordar, que quem parte nunca volta. Quem volta, se volta, não volta igual, não será a mesma pessoa, os seus sentimentos não serão iguais, NADA SERÁ IGUAL! Tudo será estranho, o mundo onde se viveu, quem se conheceu, as promessas e o pecado que se cometeu!
O Passado aqui ficará, e será sempre o passado que não volta mais!
A alegria de lembrar os momentos bons acalma os pensamentos de tristeza pela perda, mas segundos depois causa aquela dor no peito de saudade.
Como vinda do nada aquela ânsia, de abraçar de sentir o calor o respirar bem próximo de alguém que é único, toma conta de nós.
Um dia disseram…” não fiques triste porque perdeste, fica contente porque um dia foi teu/tua”…a frase é bonita…mas no que ajuda ela quem nunca chegou a ter a plenitude?
Que o tempo passe, mas que passe depressa, pois só este tem o dom de acalmar esta dor. Só o tempo ira deixar vencer a ternura o doce, a compreensão por este carinho que nunca irá acabar, só ficar mais forte…mas solitário!
O que mais faz doer, é a promessa feita que sabemos ser esquecida, e a certeza de que esta saudade morrerá um dia sem nunca ter conhecido correspondente!
Será sempre a eterna saudade de um sonho que nunca existiu!

O grande consolo, é que o mundo não pára, continua, e por ninguém se deve parar…e isso faz pensar que mais alem estará uma dor igual que nos encontrará…

Onde estás?


Onde estás oh sono que me não vens buscar, envolver-me nos teus braços, pegar ao colo os meus cansaços e embalar-me.
Preciso de dormir, preciso de gritar antes de dormir, gritar este querer, este poder que vem da alma e se sucumbe em palavras que o coração pleno grita no silêncio de mais uma noite. O céu está escuro, o manto negro da noite envolveu tudo em meu redor, só eu continuo aqui sentada, eu e a minha alma, triste devaneios loucos escritos em relance na pressa de um fervilhar de dedos.

Onde estás oh sono? Anda buscar-me! Já me cansei de ilusões e de multidões, sabes o que quero, sabes quem eu quero, leva-me para que possa sonhar, querer é poder e sonhar é mais que poder, é realizar... ser feliz vivendo como se fosse real o que na realidade nem eu estou certa existir.
Mas é bom adormecer tranquila com esta sensação gostosa a encher-me o peito de ar, com esta serenidade que me permite respirar calmamente... sentimento profundo, verdadeiro!

Um bem-querer, um mal poder, mas um sonho será sempre uma felicidade...

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Dar e Receber

Fiquem com esta reflexão:

É comum ouvirmos dizer que amar alguém exige da parte de quem ama uma entrega ao outro. Mas não será isto o caminho mais certo para o fim da relação amorosa? Eu penso que sim, e passo a explicar porquê.

É através das relações com outras pessoas, lugares, acontecimentos ou objectos que podemos existir como algo identificável. O que somos relativiza-se ao que não é. Por isso, as relações humanas devem ser encaradas como construtivas e formativas da identidade de cada um. Nesse sentido, o propósito válido para as relações e para tudo na vida só pode ser um: ser e decidir quem realmente somos.

Mas o que fazemos quando iniciamos uma relação com alguém? A maioria das vezes se entra numa relação com os olhos postos naquilo que se pode lucrar e não no que podemos lá pôr. Esperamos que o todo seja maior que a soma das partes e acabamos por descobrir, mais tarde ou mais cedo, que é menor. E porquê? Porque nos concentramos no outro, na forma como ele corresponde aos nossos ideais e como nós correspondemos aos dele. Um e outro ser exercem uma pressão enorme para ser toda a espécie de coisas que não é, mas que, não querendo desiludir, se esforçam terrivelmente por ser e fazer... até não conseguirem mais, até já não conseguirem desempenhar o papel que lhes foi atribuído. Cresce, então, o ressentimento e, a seguir, a revolta. Aí começam a reclamar o que na realidade são e querem ser... altura em que dizem: estás diferente.

O propósito de uma relação não pode ser, portanto, o outro mas sim nós próprios. Devemos deixar que cada um dos parceiros(as) envolvidos na relação se preocupe com o Eu. A concentração no outro, a obsessão pelo outro é o que faz com que as relações fracassem. Por isso, para mim, amar alguém não é entrega... é partilha do que cada um é e quer ser. Amar é partilhar com alguém a plenitude de nós próprios.

O último amor

Era o último amor. A casa fria,
os pés molhados no escuro chão.
Era o último amor e não sabia
esconder o rosto em tanta solidão.

Era o último amor. Quem advinha
o sabor pela escuridão?
Quem oferece frutos nessa neve?
Quem rasga com ternura o que foi verão?

Era o último amor, o mais perfeito
fulgor do que viveu sem as palavras.
Era o último amor, perfil desfeito
entre lumes e vozes passadas.

Era o último amor e não sabia
que os pés à terra nua oferecia.

domingo, 29 de julho de 2007

É isso Aí


É isso aí
Como a gente achou que ia ser
A vida tão simples é boa
Quase sempre
É isso aí
Os passos vão pelas ruas
Ninguém reparou na lua
A vida sempre continua
Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não sei parar
De te olhar
É isso aí
Há quem acredite em milagres
Há quem cometa maldades
Há quem não saiba dizer a verdade
É isso aí
Um vendedor de flores
Ensinar seus filhos a escolher seus amores
Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar de te olhar

A Esperança Segundo Eluard

E UM SORRISO

"A noite nunca acaba
Há sempre pois que digo
Pois que o afirmo
No extremo da mágoa uma janela aberta
Uma janela iluminada
Há sempre um sonho de guarda
Desejo a cumular
Fome a satisfazer
Um coração generoso
Uma mão estendida uma mão aberta
Uns olhos atentos
Uma vida a se repartir a vida"

Paul Eluard - Últimos Poemas de Amor

Nós é que tanta vez passamos sem ver a mão aberta que nos estendem.
Nós é que tanta vez esperamos em vão que uma mão aberta se estenda para nós.

sábado, 28 de julho de 2007


Maravilhosa, adoro o Poema,gosto de pessoas simples!
Maria Bethânia é tudo isso...

Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Quase...


Ainda pior que a convicção do não,
é a incerteza do talvez,
é a desilusão de um quase!

É o quase que me incomoda,
que me entristece, que me mata trazendo tudo
que poderia ter sido e não foi

Quem quase ganhou ainda joga
quem quase passou ainda estuda
quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades
que escaparam pelos dedos
nas chances que se perdem por medo,
nas idéias que nunca sairão do papel
por essa maldita mania de viver no outono

Pergunto-me às vezes,
o que nos leva a escolher uma vida morna.

A resposta eu sei de cor,
está estampada na distância e
na frieza dos sorrisos,
na frouxidão dos abraços,
na indiferença dos "Bom dia",
quase sussurrados.

Sobra covardia e falta coragem
até para ser feliz.

A paixão queima,
o amor elouquece,
o desejo trai.

talvez esses fossem bons motivos
para decidir entre a alegria e a dor.
Mas não são.

Se a virtude estivesse mesmo no meio termo,
o mar não teria ondas,
os dias seriam nublados
e o arco-iris em tons de cinza.

O nada não ilumina,
não inspira,
não aflige nem acalma,
apenas amplia o vazio
que cada um traz dentro de si.

Preferir a derrota prévia
a dúvida da vitória
é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Para erros há perdão,
para os fracassos, chance,
para os amores impossíveis, tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio
ou economizar alma.
Um romance cujo fim
é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque,
que a rotina acomode,
que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste horas realizando, que sonhando...
Fazendo, que planejando...
Vivendo, que esperando...

Porque,
embora quem quase morre esteja vivo,
quem quase vive já morreu...

4 Pilares… ou Mais


Eu, sem pudor e sem vergonha, confesso, sem constrangimento, de coração aberto e desarmado.

Saúde é vital. Felicidade, idem. Porém, por mais que me digam o contrário, acredito que Felicidade e Paz são amantes inseparáveis ou irmãos siameses do Amor. O amor que vai além do amor ao outro, no sentido mais generoso de bem ao próximo, em sentido amplo e irrestrito.

Não falo do amor profundo a Deus (qualquer que seja a sua concepção). Não falo de sentimento de afecto ditado por laços de família. Não falo da dedicação e carinho aos amigos.

Falo, sim, do sentimento de dedicação de um ser a outro ser, que engloba numa só esfera os mais diversos sentimentos: ardência que queima e não sufoca, ternura que dá paz e não sufoca. E mais: afeição, amizade, cumplicidade, carinho, admiração, respeito, apego, prazer, paixão, cuidado (muito cuidado!) zelo (muito zelo!).

Enfim, eu falo do meu amor infindo!

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Mulheres como as Flores...


Há Mulheres sem encanto, sem beleza, sem aroma próprio, são uma espécie de Sardinheiras, crescem naturalmente sozinhas sem precisarem de grandes cuidados, a não ser aqueles que a Natureza se encarrega de providenciar. São por isso resistentes, tesas, e não se deixam destruir por qualquer intempérie. Há Mulheres que são como as Espigas, por muito que te esforces e as trates bem, são secas, altivas, desprovidas de uma manifestação de afecto. Há Mulheres que são como as Azedas, quando as vês ao longe dão-te a sensação que são amorosas e delicadas, mas quando as provas... são puro vinagre... são puro veneno. Há Mulheres que são como a Hera, trepam vertiginosamente pelos teus alicerces e quando dás por isso já te absorveram completamente a estrutura. Há ainda as Mulheres Cactos, vivem para te fazer mal, para te magoar e mesmo depois de desaparecerem da tua vida, continuam ainda a tentar espetar-te. Há Mulheres que são como os Jarros, parecem ter um espírito muito aberto, muito liberal, mas há medida que o tempo vai passando, vão-te afunilando até não conseguires respirar. Há Mulheres que são como as Margaridas, bonitas, têm uma função meramente decorativa, não dão trabalho, não cheiram bem, mas também, ninguém é perfeito. Temos ainda a Mulher Violeta, detentoras de uma beleza misteriosa, jamais as poderás possuir, porque ao arrancá-las ao habitat natural, morrem. Temos ainda a Mulher Flor-de-Laranjeira, que é casta, virgem, cândida, pura e existe apenas em algumas estufas onde os jardineiros lutam estoicamente para que não se extinga. Há Mulheres que são como os Amores-Perfeitos, mas são tão pequenas e rasteirinhas que nem se dá pela sua presença. Há Mulheres que são como os Lírios, apresentam uma beleza singular, têm um porte elegante, emanam um aroma envolvente, transmitem-te uma doce sensação de paz, doçura e tranquilidade, e são por isso perfeitas. Last but not the least a Mulher Malmequere, nunca sabes se-te-quer-muito, se-te-quer-pouco, ou se-não-te-quer-nada.

Pensamento da noite...

Os espinhos que mais me feriram foram aqueles produzidos pelo arbusto que plantei.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

O teu nome...


Diz-me o teu nome - agora, que perdi
quase tudo, um nome pode ser o princípio
de alguma coisa. Viver...
Escreve-o na minha mão

com os teus dedos - como as poeiras se
escrevem, irrequietas, nos caminhos e os
lobos mancham o lençol da neve com os
sinais da sua fome. Sopra-mo no ouvido,

como a levares as palavras de um livro para
dentro de outro - assim conquista o vento
o tímpano das grutas e entra o bafo do verão
na casa fria. E, antes de partires, pousa-o

nos meus lábios devagar: é um poema
açucarado que se derrete na boca e arde
como a primeira menta da infância.

Ninguém esquece um corpo que teve
nos braços um segundo - um nome sim.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Além de muito longe


As palavras trocam o que os olhos dizem
ou teimam em perceber...
Não te acompanho? o que sou é pouco, eu sei.
As teclas falam de carinho o tempo inteiro
mas calam nas respostas que tu
não queres mais ler
Minhas respostas são verdades
E tenho que mentir não respondendo
Como tu...

Não há como negar o início
Mesmo que o término
Seja apenas um pedido teu
O término de tempo possível
Para viver o que pensamos


vai além de muito mais do que queremos

Ofereço anos a fio
Como é pedido e desejo
Para isso fico por outro fio
Tentando falar contigo.
Desligo o que depois transforma-se
Em espelho de saudade


em carne e osso
Um ser humano talvez

No fundo, isso por enquanto basta
Não me importa o tempo de esperar
Sei que além de muito mais que certo
Inteiramente escrito e sentido
Que além de muito longe
Vou estar contigo

City of Angels


Excelentes interpretações, Meg Ryan, gosto muito - This movie it made me cry :(
Lindo, maravilhoso, perfeito! sim, seria capaz de desistir da eternidade para viver um amor assim...
(fotografia de Quark)

Na calmaria da noite, levada por pensamentos e memórias, chego à conclusão que não sou infeliz, serei, parece-me, apenas insatisfeita. Parecendo que não, é uma descoberta importantíssima que faz toda a diferença. A satisfação, o bem-estar, o contentamento comigo mesmo são sensações que, ás vezes, experimento. Apenas ás vezes, já que nunca consegui ficar continuamente em estado de beatitude.
Esta sensação chega quando eu cumpro uma tarefa, quando satisfaço um desejo, quando descubro que acabei de concluir mais uma etapa, e bem. Nessa altura, invade-me um gozo manso que me impregna o corpo e a alma e permite saborear a plenitude ou, pelo menos por enquanto, a tranquilidade.
E é assim que agora me sinto… sinto-me a sentir um gozo manso de quem cumpriu uma tarefa e bem. Também sei que o lufa-lufa dos dias, me deixa envolver em cansaço, em tristezas e tricas, em desaires e episódios de curta duração que me roubam a paz e me fazem afastar desta tão boa sensação de que tudo está bem para sempre, mesmo sabendo que não será bem assim.
Sei que posso de novo voltar à angústia, à agitação, à intranquilidade, que parecem saber o caminho para mim, quando as abandono numa qualquer esquina, no meio de uma noite cheia de nevoeiro. Nessa altura, como em outras voltarão a fazer parte de mim, serão meus. Daí a achar que sou de novo infeliz é um passo. Nessa altura, como em outras, começo à procura de motivos e razões para os meus desconfortos e, como sempre sei que os saberei encontrar, porque quando se procura, encontra-se.
Ás vezes, neste percurso, acho-me infeliz porque o amor teima em não me encontrar...,porque não tenho o que mereço, porque o que me acontece, e o que não acontece fica aquém, muito aquém, das minhas expectativas que tenho sobre o que havia e devia ser.
Procuro sempre estabelecer razões de causalidade para tudo, dou duas hipóteses para o mesmo erro, desculpo sempre por dois motivos. Enquanto isso mudo, por isso persigo objectivos, por isso vou correndo e me vou empenhando.
Mas agora, hoje, reparo que para estar onde estou é porque já tracei e ultrapassei metas, delineei e completei objectivos é, porque alimento sonhos, paixões e desejos. E acima de tudo, porque em outras alturas senti-me insatisfeita ou talvez infelizmente insatisfeita e procurei o esconderijo da satisfação.
Aí, paro. Interrogo-me sobre a finalidade última das coisas. Chego à ideia da insatisfação, e não de infelicidade, que por momentos me percorre, como motor da minha vida e possibilidade de chegar à suprema sensação de satisfação.
Mas agora, hoje, convivo com um agradável sentimento de urgência e de necessidade de ir mais longe, como se alguém, ou alguma coisa me empurrasse numa direcção ou num sentido que, por acaso, desconheço mas aprecio.
Um dia descobrirei que ultrapassei as mais grandiosas expectativas. Ou, então, que terei, aproximadamente, o que desejo – Satisfação.

Somos Transparentes...

Esta borboleta não é vermelha.

Em realidade é transparente, e o vermelho é a cor da flor sobre a qual está pousada.
Nós também somos transparentes.
A tristeza ou a alegria que reflectimos, é só a cor sobre a qual está pousada a nossa vida.

domingo, 22 de julho de 2007

Coração sem imagens


Deito fora as imagens,
Sem ti para que me servem
as imagens?
Preciso habituar-me
a substituir-te
pelo vento,
que está em toda a parte
e cuja direcção
é igualmente passageira
e verídica.
Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta,
ao trémulo vigor de todos os teus gestos
invisíveis,
à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve
a não ser eu.
Serei feliz sem as imagens.
As imagens não dão
felicidade a ninguém.
Era mais difícil perder-te,
e, no entanto, perdi-te.
Era mais difícil inventar-te,
e eu te inventei.
Posso passar sem as imagens
assim como posso
passar sem ti.

E hei-de ser feliz ainda que
isso não seja ser feliz.

Maravilhosa!

sábado, 21 de julho de 2007


Até o amor nos ensinar
dançaremos como quando dança
o mar
água que por dançar se deita
sem transparência
até lavarmos nossa cara
dentro da imprevista onda
derradeira
do mar a água mais clara:
a mais funda.

Até que a paixão nos instrua
dançaremos como se dançasse
a lua
que enquanto gira sempre oculta
a mesma face
até mudarmos nossa roupa
para vestirmos a máscara
absoluta
da lua a face mais clara:
a outra.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Tortura

Hoje o sol mergulhou no horizonte,
por entre os cadáveres hirtos
De árvores ressequidas

Tirar dentro do peito a Emoção,
A lúcida Verdade, o Sentimento!
- E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento!...

Sonhar um verso de alto pensamento,
E puro como um ritmo de oração!
E ser, depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento...

São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!

Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isso que sinto!

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Reflexões Intemporais...

..."Não amaremos talvez insuficientemente a vida? Já notou que só a morte desperta os nossos sentimentos? Como amamos os amigos que acabam de deixar-nos, não acha?!
Como admiramos os nossos mestres que já não falam, com a boca cheia de terra! A homenagem surge, então, muito naturalmente, essa mesma homenagem que talvez eles tivessem esperado de nós, durante a vida inteira. Mas sabe porque somos sempre mais justos e mais generosos para com os mortos? A razão é simples! Para com eles já não há deveres. Deixam-nos livres, podemos dispôr do nosso tempo, arrumar a homenagem entre o copo d'água e uma gentil amante, nas horas vagas, em suma. Se algo nos impusessem, seria a memória, e nós temos a memória curta. Não, é o morto de fresco que nós amamos nos nossos amigos, o morto doloroso, a nossa emoção, enfim, nós próprios."

terça-feira, 17 de julho de 2007

Ela anda pela rua, de olhos vendados. Sente-se invisível, nua e incompreensível.
Seus passos não possuem direcção. Segue procurando explicação, continua caminhando e procurando uma razão.
Muitas faces esbarradas no caminho, pensamentos perdidos numa quadra anterior. Frases soltas, tão conexas com a vida, apagadas pelo tempo, pelos passos e momentos.
Juras que ela fez a si mesma e aos outros. Juras de eterno amor, de sinceridade, de vingança e de amizade. Juras que o tempo apagou.
São tantas as palavras que ela não quer mais dizer. São tantos os caminhos que não quer mais escolher. São tantas as verdades que não quer mais esconder, entre todas as mentiras das quais tentou se convencer.
Ela anda, e em cada passo ela se acha. Em uma esquina se depara com a saudade do que foi, em outra parte com os sonhos que deixou para trás, mais adiante vê face a face das pessoas que marcaram sua vida. Vê no final a dor da partida. E é assim que faz, quando as coisas chegam ao fim, é hora de partir, levando consigo as mudanças que se cravaram em sua vida, em seu corpo, em sua memória.

Porque? costumava ter a resposta, hoje deixou de existir vontade de voar no absoluto consciente. O caminho está escolhido. ela agora sabe quem realmente é! unica, transparente...

Alternativa? esquecer, renunciar o sentimento tão forte que o imprevisto do encontro surpreendeu e fez acreditar no momento.

1.40h. "As Horas"- " Acreditar que a morte fosse um fim absoluto? "

..."Dear Leonard
To look life in the face, always to look life in the face...
And to know it for what it is
At last...to know it
And love it for what it is...
And then...to put it away...
Leonard, always the years between us
Always the years
Always the... love
Always the... Hours...

Há uma angústia que se infiltra nas palavras e nos pensamentos. Uma angústia em forma de saudade de um tempo que nunca existiu verdadeiramente. Um tempo do qual já não posso fugir.
Todo este sentimento estará sempre confinado a palavras para poder existir. Mas as palavras não conseguem substituir a vida nem os pensamentos nem a saudade... Mas parece nunca haver saída. É essa a ironia de quem só tem as palavras. "As Horas", para mim descrevem este sentimento de angústia (não as palavras as horas) mas a alma que as envolve. Tudo o que as palavras não podem dizer, as horas podem. São como instantes de realidades, pequenas visões que só tomamos consciência depois de desaparecerem, dentro do grande sonho... Saber reconhecer as mesmas emoções dentro e fora do sonho...é aqui que reside o mistério.

Saber que ele existe não acaba com a angústia da existência.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Curar-me de Ti

Assisto à minha vida passar, dia após dia, à frente dos meus olhos, como se estivesse numa sala de cinema. Estranhamente, vejo as imagens do meu filme paralisadas no tempo, que se desfocam pelas lágrimas. Vejo-me naquela tela tão perdida, tão sem rumo.
Como é possível teres partido e continuares tão presente?
Apesar do frio do teu silêncio a minha boca ainda está quente do teu beijo.
Estou presa na sombra de todos os meus erros. Vejo-te na tela e sei…quero-te tanto... Vives em mim.

«Espero curar-me de ti dentro de dias. Devo deixar de te fumar, de te beber, de te pensar. É possível. Seguindo as prescrições da moral de serviço. Receito-me tempo, abstinência, solidão.»

Percorri a estrada que na orla da tua floresta se desenhava…Enquanto caminhava era banhada pelos últimos raios de sol que trespassavam as folhas das tuas árvores. Ouviam-se vozes entoando um suave cântico. Um cântico que até as fadas e os faunos desconheciam. Vozes cristalinas que me guiavam até ti. Falavam de uma dádiva, de uma oferta. Ao chegar à gruta o cântico tornava-se ainda mais intenso, quase ensurdecedor. Ainda assim continuei pela escuridão. Já perdida e extenuada fui inundada por uma sensação de calma e calor. No chão diante de mim, estavas tu. A dádiva que me tinha sido prometida, mas que não poderia jamais deslocar. Lembrei-me então que apenas tinha uma forma de te guardar e partilhar. Aqui está.


Para ti, um hino à tua beleza subtil.
Esgotada!
Carcaça embriagada de Nada!
Com preguiça de se mexer
sem ânimo para fazer do verso
a melodia que existe
na excentricidade desta maneira de sofrer!
Sofrer sem rima,
sem expressão
lisa como um poste
que ilumina uma calçada esburacada!
Luz que precisa ficar lá no alto!
Como a razão acima de tudo!
Poema de poeta mudo
que gagueja sílabas,
até na folha branca e ofendida
do livro que começa na primeira página
e na primeira palavra termina!

Tu!

Das Utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las.
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas!

Nunca são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos. O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios.
Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.


Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta.

sábado, 14 de julho de 2007

As palavras...

...em Dualidade

São as palavras que nos unem.
As palavras são pontes, caminhos,
Que encurtam distâncias,
Enganam ausências.

É com palavras
Que sei de ti,
Que sabes de mim.

Palavras são beijos, abraços
Pequenos mimos e atenções.

Palavras de sentimentos,
Carregadas de letrinhas e emoções.

São as palavras que me contam,
Que te falam do amor.

São elas que abraçam, beijam
E nos oferecem um ao outro.

É com palavras que nos amamos,
Uns dias, tão loucos como revoltados,
Outros dias, tão ternos como uma flor.
Uma flor de verde pinho.

Amo palavras que escrevo,
Amo palavras que leio.

São as palavras que nos separam.
As palavras são punhais, balas perdidas.
Que começam guerras e incitam revoltas.

É com palavras
Que ataco
Que me deixo magoar.

Palavras são tiros certeiros,
Facas afiadas,
que rasgam a pele.

É com palavras que nos combatemos,
Como seres enraivecidos,
É com palavras que nos dominamos,
Como seres altivos.

Detesto palavras que escrevo,
Detesto palavras que leio.

Há palavras que nascem bem dentro de nós e que ficam lá mesmo depois de as gritarmos ao vento e de as levarmos pela mão a conhecer o mundo de outra pessoa… palavras que embalamos sem mesmo nos darmos conta e das quais nos alimentamos com cada vez mais avidez…

Noite...
Cada vez mais os dias são de 48 horas,mas quando se termina,quando sé vê a luz...
Aproxima-se tempos onde se definem caminhos e desafios.
E eu estou a espera deles para os agarrar com as duas mãos.
Viva a luz,que se faça luz.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Porque...


Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

"Viver é consumir-se de amor, dialogar, perder-se nos outros. A vida é a interpenetração total das almas e das inteligências."

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Voar mais alto...

Há momentos em que a vida se assemelha a um baloiço. Por vezes, tens os pés bem assentes na terra, não andas nem para a frente, nem para trás, fazes movimentos giratórios, aproveitas a doce sensação de calma e de tranquilidade sem saíres do mesmo sítio. Há situações, em que, timidamente, começas a ganhar balanço e ora avanças, ora recuas, quando vais para a frente não fazes conquistas extraordinárias, mas quando retrocedes também não perdes muito. No entanto, há dias em que resolves dar balanço e ver até onde consegues ir, decides perceber como será a sensação do vento a beijar-te o cabelo, decides que queres conhecer a sensação de um pássaro que voa em liberdade, queres ter os raios de sol aquecer-te o rosto, queres voltar a sentir a alegria espontânea de uma criança pequena, e aí, o céu é o limite. Mesmo nos momentos em que o baloiço vai atrás, sabes que é apenas para continuar a ganhar balanço, para cada vez, poderes voar mais alto. E este é um prazer que só consegues saborear sozinha. Porque quando tens alguém atrás de ti a empurrar o baloiço, podes ter exactamente as mesmas sensações de bem estar, sentir que estás a partilhar uma brincadeira, no entanto, no teu íntimo, sabes que perdes a independência de brincar como muito bem te apetece, estás sempre receosa que essa pessoa deixe de te empurrar, ou então, que te abandone no parque sozinha, ou pior, que te empurre com uma violência tão grande que te faça cair no chão sem dó nem piedade. Na vida, como no baloiço, há que impor o ritmo que é o ideal para nós, há momentos para voar radicalmente, até que a corrente não estique mais, há momentos para baloiçar preguiçosamente e saborear, há momentos para parar e pensar como se quer conduzir a nossa vida. Simplesmente isso: Parar e pensar!
"A verdade de outra pessoa
não está no que ela te revela,
mas naquilo que não pode revelar-te.
Portanto, se quiseres compreendê-la,
não escutes o que ela diz,
mas antes, o que não diz."

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Enjoy the Silence

Acima de tudo...

Que bom sentir... que a tua vontade
te empurra para os meus braços, quando o vento te guia!
receber-te-ei com eles abertos e...
fechá-los-ei em teu redor, em forma de protecção!
infinita vontade!

Não é a vida que passa por nós,
somos nós que passamos por ela.
É bom partilhar alguns momentos,
para além daquilo que se descobre
e dá a descobrir... ainda que seja
apenas com gemidos.

terça-feira, 10 de julho de 2007


Tu és uma miragem.
A ilusão do sonho apetecido.
Nas tuas mãos, a ternura tem o sabor da urgência.
São doces, na tua boca, as palavras fingidas.
Tens a magia de fazer parecer que é,
o que não tem hipóteses de ser.
É doce, em ti, a mentira!
Não é a miragem um grande impulsionador?
A força que nos impele em frente?


A dor, essa, não reside na mentira,
mas na sua apreensão.

segunda-feira, 9 de julho de 2007


Mesmo que a árvore não te dê o fruto que
mais gostas em sabor…
Não lhe mates a raiz…

domingo, 8 de julho de 2007

"SÓ É AMOR PARA SEMPRE AQUELE QUE SE PERDE...OU QUE SE ABANDONA".

Pensar no amor, será sentir o amor? Tentar explicá-lo não será já o caminho para o destruir? E a recordação do amor? Que seria do amor sem a saudade de uma felicidade antiga? O amor infiltra-se nos sorrisos e nos olhares brilhantes do tempo jovem da paixão mas está também presente nas lágrimas da despedida. Não devia qualquer tipo de antítese, pensamento racional ou irracional perante tal simplicidade. O amor existe e é só. Senão nada faria sentido. Sentir é mais importante, é a única coisa que realmente interessa, é tudo pelo qual vale a pena viver...Sentir o amor e não querer nem saber explicá-lo.
No entanto, desde sempre se escreveu sobre o amor, se cantou o amor... E se continua a fazê-lo...O amor toma todas as formas possíveis e imaginárias. Sobrevive na música, na dança, na literatura, na pintura. Talvez seja nessas formas que ele encontra a paz e o equilíbrio que não consegue encontrar na alma humana.

sábado, 7 de julho de 2007

Momento...

Sei...

O tempo, as horas, os minutos...tudo a passar tão rápido. Todos têm pressa, ansiosos por chegar a algum lugar.
Sonhos, ideais, esperanças... permanecem no interior de cada um de nós, querem sempre voar mais alto.
O tempo é pouco e os sonhos, esses, são muitos. Tempo a menos para os realizar.
Receio que alguns fiquem perdidos no tempo, à espera... Talvez a sua espera seja infinita, talvez o simples facto de poder vir a ter um lugar ao sol os acalente e os torne mais fortes.
Porém, por vezes esperam tempo demais, ficam cansados, tristes e magoados e acabam por deixar de acreditar. Deixam de acreditar, mas não perdem a esperança, porque essa nunca morre... Talvez o mundo o tome e os tranforme...
Mesmo assim, pode ser que num dia qualquer uma alma perdida os encontre, e de novo os faça brilhar como um dia iluminaram a vida de um outro alguém...aí a sua espera valeu a pena, foi recompensada...

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Noite sem lua...


As crianças sentem com pureza, entendem os momentos de uma forma mais sonhadora, os velhos tem a sabedoria do tempo e dão a importância que os minutos, horas, dias o tempo que falta deve de ver vivido e entendido, nós não sabemos viver o momento presente vivemos do passado sofremos pelo passado, mas para quê! se já passou, ou então no futuro criamos metas inatingíveis e sofremos por não conseguirmos realizar nossos ideais, tudo poderia ser bem mais fácil se vivêssemos o dia de hoje.
Continuo à procura de respostas, procuro uma explicação,invade-me uma estranha sensação de que foi outra pessoa que viveu toda a minha vida passada! a meu lado a mão que toca na minha... Mãe estás tão quente,tens febre? estás triste? eu amo-te! sorri...
...voltei ao presente e imagino como seria hoje, agora...
As pessoas ficam procurando o amor como solução para todos os seus problemas quando na realidade o amor é a recompensa por eles terem sido resolvidos.
Se nunca mais acordar, pelo menos fica-me a certeza de ter vivido, algures no tempo, um grande amor.

E Por Detrás Dos Mitos E Das Máscaras, A Alma, Que Está Só."


"Alta na tarde, altiva e louvada,
Cruza o casto jardim e está na exata
Luz do instante irreversível e puro
Que nos dá este jardim e a alta imagem,
Silenciosa.
Vejo-a aqui, nesta hora,
Mas também a diviso num antigo
Fulgor crepuscular da Ur dos Caldeus,
Ou então descendo a lenta escadaria
De um templo, que é inumerável pó
Do planeta e que foi pedra e soberba,
Ou decifrando o mágico alfabeto
Das estrelas de outras latitudes,
Ou aspirando uma rosa na Inglaterra.
Está onde houver música, no leve
Azul, e no hexâmetro do grego,
Em nossas solidões que a procuram,
No liso espelho de água de uma fonte,
No mármore do tempo, numa espada,
Nessa serenidade do terraço
Que divisa poentes e jardins.
E por detrás dos mitos e das máscaras,
A alma, que está só."

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Tempo de viver...


Para a dor, o sofrimento, a solidão
Para a inquietude, o tormento, a ansiedade
Para a tristeza, o tempo, a escuridão
Para a incerteza, o medo e a saudade

A solidão não me traz mais ansiedade
Nem sofro mais com tanta dor
E o tempo, esse agora me protege da insanidade
Assim vou levar a vida vendo mais o amor

As sombras me deram a noção da luz
A escuridão me fez enxergar seu brilho
Percebi o quão delicadamente ela me seduz
E como passou a iluminar o caminho deste andarilho

Não é tristeza, nem falta de ideais
Foi só pensando num tempo que já passou
Que inevitavelmente não volta jamais
Porém dentro da memória para sempre ficou...

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Ilha


Deitada és uma ilha e raramente
surgem ilhas no mar tão alongadas
com tão prometedoras enseadas
um só bosque no meio florescente
promontórios a pique e de repente
na luz de duas gémeas madrugadas
o fulgor das colinas acordadas
o pasmo da planície adolescente
Deitada és uma ilha Que percorro
descobrindo-lhe as zonas mais sombrias
Mas nem sabes se grito por socorro
ou se te mostro só que me inebrias
Amiga amor amante amada eu morro
da vida que me dás todos os dias

terça-feira, 3 de julho de 2007

Dali

Prefiro a etérea imagem do sonho
ao rosto grosseiro da verdade
que é um palavrão horrendo,
estorcendo a boca do povo.
Sempre a fome, a insatisfação,
o desajustamento!
Eu me imponho sonhar!

E esqueço a vida!

Sou como a cascata
que geme dia e noite
eternos lamentos.
Sou frágil como a espuma rendilhante
dos rios que borbulham
nas veias da terra,
correndo grotões
para cair nos abismos...

Eu amo!

Sou pedaço de mar,
que em ondas de vento em vento
rola pelas praias
à procura de repouso.
O tumulto dos meus sentimentos
assemelha-se ao oceano em tempestade!

Eu sofro!

Sou a água cristalina
que canta no despenhadeiro,
enquanto rola pelas pedras.
A dor de amar é doce!
Minhas emoções se quebram
como sonhos que terminam
ao descerrar das pálpebras.
Sou uma das Náiades
que caiu no rio Flegetonte!

Eu choro!

Sou um lago sereno
cuja água flui dos lábios de sátiros.
Os meus pensamentos são
para criaturas apaixonadas
que se enlevam nos sonhos de amor!
Sou fonte de néctares raros e ebriáticos,
onde a ilusão vem matar a sede!

Sou feliz às vezes!

Filosofias de Vida...

A cada etapa da vida do homem corresponde uma certa Filosofia. A criança apresenta-se como um realista, já que está tão convicta da existência da pêra e das maçãs como da sua. O adolescente, perturbado por paixões interiores, tem que dar maior atenção a si mesmo, tem que se experimentar antes de experimentar as coisas, e transforma-se portanto num idealista. O homem adulto, pelo contrário, tem todos os motivos para ser um céptico, já que é sempre útil pôr em dúvida os meios que se escolhem para atingir os objectivos. Dito de outro modo, o adulto tem toda a vantagem em manter a flexibilidade do entendimento, antes da acção e no decurso da acção, para não ter que se arrepender posteriormente dos erros de escolha. Quanto ao ancião, converter-se-á necessariamente ao misticismo, porque olha à sua volta e as mais das coisas lhe parecem depender apenas do acaso: o irracional triunfa, o racional fracassa, a felicidade e a infelicidade andam a par sem se perceber porquê. É assim e assim foi sempre, dirá ele, e esta última etapa da vida encontra a acalmia na contemplação do que existe, do que existiu e do que virá a existir.

Nunca buscamos as coisas, mas sim a busca das coisas.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

"seremos cumplices o resto da vida, ou talvez só ate amanhecer..."

Não sei...


Por vezes, quero escrever e não consigo. Outras, prefiro não conseguir.
gosto deste poder de decisão sobre aquilo que o meu cérebro e a minha alma querem fazer.
detesto quando não o consigo exercer. Como hoje.
estou exausta.Ser… estar… decidir… querer… perder… não saber,
um infinito de verbos que me avassalam. Quem.(como) sou hoje?
Desejo veemente do amanhã. Porque? não sei…

domingo, 1 de julho de 2007

"Sem música a vida seria um erro." Nietzche

Eu Não Paro - Ana Carolina


Quando eu vou parar e olhar para mim. Ficar de fora e olhar por dentro. Se eu não consigo organizar minhas idéias. Se eu não posso. Se eu esqueço de mim?