quinta-feira, 30 de abril de 2009

...Por vezes


E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

domingo, 26 de abril de 2009

...

Às vezes sou precisa como bússola.
Em outras, me perco na vastidão de mim.
Às vezes sou asas imensas.
Em outras, sou chão, raízes firmes.
Às vezes sou âncora segura.
Em outras, um barco a deriva.
Às vezes sou olhar calmo e sereno.
Em outras, todo o espanto nos olhos.
Às vezes vou ao limite, sou ponto final.
Em outras, um mundo de reticências.
Às vezes, sou o doce do (re) encontro.
Em outras, o amargo sabor da saudade.
Às vezes, a calmaria de águas plácidas.
Em outras, a ferocidade do mar revolto.
Às vezes, sou céu azul e límpido.
Em outras, sou chuva torrencial.
Às vezes, sou cores vibrantes.
Em outras, uma soturna palidez.
Às vezes, sou música contagiante.
Em outras, abissal silencio se faz.
Às vezes, sou inteira.
Em outras, sou fragmentos.
Às vezes, sou trovas, rimas, e cantos.
Em outras, me calo...
E deixo o silêncio falar...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

...

Não sei o que me apetece mais...
...se é estar quieta, se é estar parada.
Nada é o que sinto...



...

Ainda que não possa ouvir tua voz sinto que falas, o silencio do nosso abraço...

Consigo tocar tua pele e meus dedos levemente viajam sobre tuas marcas

Marcas que a vida te deu sem ter me dado a chance de compartilhar
Essa tua morada no meu coração...

Viver, sentir vontade de viver sem medo de partir
Porque na minha partida estás comigo
Dentro do meu coração...te amo com a alma

quarta-feira, 22 de abril de 2009

...


Foi assim que me senti
quando estive em teus braços...
Inteiramente salva das marés
Numa sensação
de sonhos misturados
em alentos de vai e vem...

Feito rajadas de vento
brincando entre as ondas...
Ajustei-me em teu corpo
como um barco à deriva
se aconchega às águas

Como uma raiz de cáctus
se introduz na areia
Como um sol se aninha
no horizonte ostentoso...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

"August Rush" - O Som do Coração

Drama/Musical EUA, 2007
Realização: Kirsten Sheridan

“The music is all around us. All you have to do is listen.”

sexta-feira, 17 de abril de 2009

...

Caminharei pelas manhãs de minha alma nua
Quando acordar de minhas noites insones
E lembrar-me dos sonhos que não tive
Buscando a noite quando o sol empresta seu
Brilho ... a lua que encanta quem Ama

Subo ao palco, onde exponho minha tristeza
Na platéia uma cadeira vazia, sob a qual escondo
Um coração que dói, uma esperança que some no saltar

das horas de uma saudade que aposta
Que não consigo te esquecer...

Esgueiro-me sonâmbula pelos becos das lembranças
Tecendo planos de um amanhã onde não te vejo
Passeaste por meu coração como em férias a beira mar
Espalhei flores no caminho para perfumar teus pés
Encantei-me com teus beijos, me hipnotizei em teu olhar

Não faz tanto tempo
Acreditei que era para sempre
Levei-te alem de meus limites...
...Enquanto apenas brincavas de Amar

Ninguem é assim, nem mesmo TU...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

...


Queria escrever para ti
Queria escrever sobre ti
Mas a minha mão ficou trémula
Os sentimentos presos no peito
Os olhos rasos de água
E nada escrevi
Talvez esta folha em branco diga tudo
Tudo o que não foste
Nada do que somos...

terça-feira, 14 de abril de 2009

Sei...

Aqui estou, cercada de mim,
melancolia trazida
do interior de um bosque,
silhueta a preto e branco
na figuração de um pássaro em voo lento.


Há quanto tempo,
só eu sei quanto,
as amarras de um barco
se quebraram,
no interior frágil
do instante em que fui vento,
ou apenas um abandono breve,
como as mãos no acto de dar.

No ângulo do grito e da língua
se explica a leveza das lágrimas,
circunfluência no interior das pálpebras,
longínquo lago na cintura dos lábios.

Cheguei ao lugar onde se cruzam
todos os ventos sem hálito
e chamo pelo nome os frutos e a fome,
para que ninguém se comprometa
ao tocar nos meus ombros.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Vidas descompassadas...



Houve um tempo em que daria tudo para receber uma palavra tua só que fosse...um "bom dia", um "como estás?", coisas simples que fariam todo o meu universo mudar de cor...
Houve um tempo em que o meu primeiro pensamento ao despertar era teu assim como a última lembrança consciente antes de dormir...
Houve um tempo em que a mera lembrança do teu sorriso preso...exauria o ar de meus pulmões e meus lábios sem sangue de cor roxa se tornavam...
Houve um tempo em que contemplava longamente o céu estrelado só pela infima possibilidade de estares a olhá-lo também...
Houve um tempo em que dormir, acordar, comer, conversar, estar rodeada de outros seres humanos, eram atos mecânicos que cumpria sem pensar, somente pela possibilidade de que, com o tempo, essa sequência de atos rotineiros me levasse até ti...
Houve um tempo... Hoje, e para o nosso "sempre" guardo a pureza dos momentos que passamos, mas nos meus olhos verás somente o brilho refletido ao encontro perdido do teu, nos meus pensamentos, loucura, amor e dragões, nos meus sonhos, momentos de paz e felicidade, em meio a um silêncio cheio de cumplicidade... E em nenhum desses lugares te encontrarás.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

...

Um desejo de paixão...
Rompe o silêncio absoluto
Dá ao semelhante a garantia
De desarmar o interno luto.

Um abraço... Reedita uma história
Transforma uma vida simplória
Dela varre a parte vivida inglória
Para que na solidariedade alcance vitória.

Um toque... Rompe as barreiras
Abre entre os povos as fronteiras
Deixa a paz reinar na vida inteira
Transformando-a em boa sementeira.

Um gesto de carinho... Um afago
Tira do semelhante o gosto amargo
Que a vida possa ter-lhe imposto
Ao seu longo através do desgosto.

Um gesto de bondade... E ternura
Apaga de uma vida um triste cenário
Acorda o irmão com brandura
E torna o mundo mais igualitário.

Pequenos gestos que nos aproximam
Minimizam da vida o sofrimento
Afastam atitudes que nos aniquilam
E desabrocham grandes sentimentos.