sábado, 5 de janeiro de 2008

Sem-Abrigo...

...Sem abraço, sem sombra sequer que retempere, sem sintomas, sem curas, sem cansaços, sem vontade sequer de ser humano.

O mundo ás vezes parece que gira ao contrário.


A verdadeira miséria é a indiferença. A deles, mas sobretudo a nossa.


Esquina da Indiferença
Tinha nos olhos negros o reflexo da solidão.
Na magreza do corpo envelhecido, as rugas da alma nua.
A barriga, em vez de pão, enchera-a com sopa de nada e ilusão.
Dormia ali no chão, frio e sujo, na esquina da indiferença da cidade crua. Aos corações ausentes, de passos apressados e vidas sem sentido, estendia as mãos abertas.
Lábios cerrados, num acto de dignidade ferida.


A chaga aberta, continuamente a sangrar no seio da cidade.
Até quando?
"Não haja medo que a sociedade se desmorone sob um excesso de altruísmo. Não há perigo desse excesso."


Fernando Pessoa - Aforismos e Afins

4 comentários:

  1. Uma temética pertinente, vale a pena escrever sobre algo tão lamentável...


    E a viagem começa
    Sem rumo nem distância
    Serei timoneiro de alva barca
    Pelo rumo da tua lembrança

    Mar de sonhos mil
    Oceano de tanta contradição
    A ternura invade o caminho
    Que leva ao teu coração


    Bom fim de semana


    Doce beijo

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  2. Olá cara amiga,
    gosto da imagem e
    do tema...E também
    do poema.
    Na verdade,para a maioria dos politicos...Os sem Abrigo são ignorados.
    Solideriedsde só em tempo de
    eleições.

    Às vezes não sofro
    Ou então sofro tanto
    Em lume brando
    Que nem dou por isso
    Sei que existo
    Sou teimoso
    E aguento:
    Estou vivo
    E já não ligo

    Encostei-me para aqui
    E fechei a porta

    (Poema de António Manuel Ribeiro)

    Fica Bem!
    Um Abraço Amigo
    Chana

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  3. Espantoso como tanto tempo depois, tudo continua igual.
    Fiquei de lágrimas nos olhos, e uma raiva...
    Beijinhos

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  4. excelente o texto. grandiosa a imagem.

    sopas de nada e ilusões.

    beijo, xana.

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