sou capaz de enlouquecer,
sei que sabes que sou capaz,
olho para ti,
imagino que abro as grandes pestanas do mundo,
como um templo vindouro de gestos imateriais,
onde o eco dos passos é só
o bater do coração.
tenho as mãos quase rotas,
toco-te
na exaustão de não te poder tocar,
o sabugo das unhas desfeito,
o meu corpo um vaso de sangrar morangos,
a geleia intacta,
palavrinhas aqui
e aqui
de volta de mim
que não falam,
fico surda, entendes,
deito-me no chão,
quase sempre, nua no granito,
pensa nisso,
está um arco feminino vulcânico sobre uma pedra,
a cabeça move-se sem pressa como uma coisa sólida,
a língua sai e entra na boca, devagar,
saliva-te poro a poro
e morro uma,
duas,
três,
incontáveis vezes,
1 comentário:
muito obrigada, vanda tiago.
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