quinta-feira, 6 de novembro de 2008

...

Se soubesse dizer-te do que vejo no lado de dentro
das palavras, quando tropeço numa ideia ou numa sílaba ou num gato preto agasalhado pelo sol vadio dos meus olhos?;

Se soubesse falar-te sem derivas da teia que me prende ao abandono nestes
dias apressados do Outono?;

Se soubesse calar-te a minha dor estrangulada pelos passos impossíveis, mal me adentro a pensar no amanhã
(quando esse amanhã pode fugir-me, e sem deixar aviso ou recado?);

se soubesse dizer-te desta dúvida que me rói no agudo descompasso entre o dentro e o fora a que me abraço?;


Soubesse eu... e terias certamente um poema sem palavras, simplesmente.