domingo, 10 de fevereiro de 2008

...

Noite que te interpões de permeio
entre a queda do poente
e o despontar da alvorada
Noite em que me perco e me enleio
numa teia entorpecente
tecida pela madrugada


Noite de náufragos à deriva
de tempestade escondida
nos gelos da solidão
Noite a do silêncio que abriga
uma angústia ressequida
nas cinzas duma canção


Noite companheira da incerteza
catapulta de ilusões
manto de sonho e de cio
Noite a fogueira sempre acesa
alimentando os vulcões
dos corpos em desvario
Noite onde germinam conversas
onde as palavras se perdem
em sílabas murmuradas
Noite o centro de mil promessas
que se compram que se vendem
e outras tantas adiadas

Noite tempo lento dum percurso
que vai do meu corpo ao teu
em dádivas de ternura
Noite o derradeiro recurso
de alguém que tal como eu
vive da noite a aventura

Noite com ela vens de mansinho
à alcova dos meus segredos
que vou partilhar contigo

Trazes da noite todo o carinho
que desliza entre os meus dedos
e adormeces comigo...

8 comentários:

O Profeta disse...

Na noite tudo se perde, mora a sombra o desvario...mas tmbém o mistério o feitiço...


Nesta baía
Quando chega ao fim do dia
As pedras dormem com o mar
Quando vem a calmaria



Bom domingo


Mágico beijo

Fernando Santos (Chana) disse...

Cara amiga, gosto do texto e também da imagem !

Todas as coisas
são possíveis para
quem se atreve.

Beijos

Teresa Durães disse...

(esta cor da letra põe os meus olhos um pouco achinesados=

tá bem, essa noite toda

Gi disse...

é quando ela chega que os meus sentidos despertam por isso faço dela minha companheira de insónia. Vivo-a.

Fiquei presa às palavras.
Belíssimo este poema, muito mesmo

Um beijo

Gi disse...

ainda sobre a noite, deixo-te aqui a única coisa minha que publiquei até à data (6.9.2007)

Noite

É a esta hora, quando a noite se espreguiça, que eu a habito.
É neste espaço entre dois mundos, onde o visível e o invísivel se confundem, que sinto a porosidade do tempo. Aqui, neste lugar, deixo de ser corpo. Sou alma.
Não preciso de dormir para te sonhar. Posso estar de olhos fechados, abrem-se à tua voz.
Enlaçam-se e entrelaçam-se o sonho e a realidade.

Aqui és real
porque te imagino
e é assim que construo um caminho que me leva até ti.

Imagens poderosas estas que adensam o ritmo da minha respiração.
E aí contemplo-te . Quase sinto o roçar da tua pele na minha pele e oiço o som das tuas palavras húmidas, murmuradas ao meu ouvido.

Quando te digo vem, desperto. Estou só.
Sem ti, mas contigo.

Gi
29.08.2007

Espero que gostes :) é filho unico no blogue

isabel disse...

já fui noctívaga .qdo estudava. sempre melhor à noite com muitos cigarros. hoje sou mais diurna. aí pelas 4h da tarde já fico sem energia...

adorei ler-te. e aproveito para dizer à Gi que também gostei muito do poema!

beijos às duas

BlueVelvet disse...

Soberbo, minha amiga.
Também eu adoro a noite.
Tenho escrito muito sobre ela.
Talvez nunca com este talento.
Chamo-lhe a minha 25ª hora.
Tenho aliás um post com esse título no meu blog.
Beijinhos e veludinhos.

José Carlos disse...

Noite que o mundo me fazes contornar,
num segundo subliminar,
noite de todos os mistérios e veus,
e é durante a noite que muitas vezes chegi aos ceus.
Noite não é algo irrelevante,
mas também sonhador,
algo que se segue doravante,
como um pássaro voador.
Como uma coruja das torres,
de que toda a gente diz horrores,
a noite é incompreendida,
tal como as letras desse poema que endicam que estavas perdida...
Jokinhas