Fiquem com esta reflexão:
É comum ouvirmos dizer que amar alguém exige da parte de quem ama uma entrega ao outro. Mas não será isto o caminho mais certo para o fim da relação amorosa? Eu penso que sim, e passo a explicar porquê.
É através das relações com outras pessoas, lugares, acontecimentos ou objectos que podemos existir como algo identificável. O que somos relativiza-se ao que não é. Por isso, as relações humanas devem ser encaradas como construtivas e formativas da identidade de cada um. Nesse sentido, o propósito válido para as relações e para tudo na vida só pode ser um: ser e decidir quem realmente somos.
Mas o que fazemos quando iniciamos uma relação com alguém? A maioria das vezes se entra numa relação com os olhos postos naquilo que se pode lucrar e não no que podemos lá pôr. Esperamos que o todo seja maior que a soma das partes e acabamos por descobrir, mais tarde ou mais cedo, que é menor. E porquê? Porque nos concentramos no outro, na forma como ele corresponde aos nossos ideais e como nós correspondemos aos dele. Um e outro ser exercem uma pressão enorme para ser toda a espécie de coisas que não é, mas que, não querendo desiludir, se esforçam terrivelmente por ser e fazer... até não conseguirem mais, até já não conseguirem desempenhar o papel que lhes foi atribuído. Cresce, então, o ressentimento e, a seguir, a revolta. Aí começam a reclamar o que na realidade são e querem ser... altura em que dizem: estás diferente.
O propósito de uma relação não pode ser, portanto, o outro mas sim nós próprios. Devemos deixar que cada um dos parceiros(as) envolvidos na relação se preocupe com o Eu. A concentração no outro, a obsessão pelo outro é o que faz com que as relações fracassem. Por isso, para mim, amar alguém não é entrega... é partilha do que cada um é e quer ser. Amar é partilhar com alguém a plenitude de nós próprios.
Sem comentários:
Enviar um comentário