domingo, 28 de setembro de 2008

Hoje...


Trocamos olhares
como se trocam poemas
e os poemas entrelaçam-se
como se cruzam os olhares,
como se sentem os dedos
nos dedos,
como se sentem os lábios
nos lábios e o suor...
e o sangue
e até as lágrimas
que, furtivas, nos lambem,
ardendo-nos na face,
por as querermos esconder...

domingo, 21 de setembro de 2008

Sonhei que podia,
que mergulhava e voltava
limpa, linda, coberta de espuma
branca, radiosa e macia.
Sonhei que sabia,
caminhar sem me afogar,
sim eu podia,
amansar a fúria do mar,
deliciar-me na maresia.
Sonhei que nunca hesitaria,
que sempre confiaria.
Que a solidão do mar
não me contaminaria,
que as ondas revoltas
eu amansaria.
Sonhei que podia!
Saberei eu caminhar
sobre as águas do mar?

Sem palavras...

domingo, 14 de setembro de 2008

Hoje...



Não imaginava que ele tinha um videoclip tão bonito com Rita Redshoes. A musica é mesmo bonita, é comovente. A originalidade ainda não deixou David Fonseca.

sábado, 13 de setembro de 2008

Há tempo que o tempo explica...

Nesta tarde,
Sobra-me o tempo disperso

Das almas vagabundas.

O equinócio aproxima-se
Com seus abraços demorados

E eu sei os possíveis fados
Que as folhas cantam
Na vertiginosa viagem.

E ele é lógico,
Pois os dias e as noites
Não mais se transformam

E a vida tornar-se-á igual,
Independentemente
Dos trinados felinos
Nos telhados, sob a atenção lunar,
Independentemente
Da força da candeia eterna
A emergir dos montes.

Nesta tarde,
Sobra-me o tempo
Da exactidão e da lucidez
Do momento.

Que é tudo o que invento...

domingo, 7 de setembro de 2008

...

«Só o tempo realmente escreve
e usa como pena o nosso corpo.
Pelas estradas, num cinema,
numa cama essa caligrafia é perdida
e é atroz o descuido dos deuses e dos homens.
O que acaba chegando ao papel
é só o comentário que sobrou
de um poema eternamente disperso.
Modesta nota de pé-de-página,
decalque de um conto,
é o último índice de todos os índices.»