terça-feira, 14 de abril de 2009

Sei...

Aqui estou, cercada de mim,
melancolia trazida
do interior de um bosque,
silhueta a preto e branco
na figuração de um pássaro em voo lento.


Há quanto tempo,
só eu sei quanto,
as amarras de um barco
se quebraram,
no interior frágil
do instante em que fui vento,
ou apenas um abandono breve,
como as mãos no acto de dar.

No ângulo do grito e da língua
se explica a leveza das lágrimas,
circunfluência no interior das pálpebras,
longínquo lago na cintura dos lábios.

Cheguei ao lugar onde se cruzam
todos os ventos sem hálito
e chamo pelo nome os frutos e a fome,
para que ninguém se comprometa
ao tocar nos meus ombros.

2 comentários:

Teresa Durães disse...

mas se as amarras quebraram, apesar de se perder o porto seguro, não testemunharás a diversidade?

Xana disse...

é provável o testemunho... depende da vicissitude de tudo o que sucede.