domingo, 27 de dezembro de 2009

...


Tempo — definição da angústia.
Pudesse ao menos eu agrilhoar-te
Ao coração pulsátil dum poema!
Era o devir eterno em harmonia.

Mas foges das vogais, como a frescura
Da tinta com que escrevo.
Fica apenas a tua negra sombra:
— O passado,
Amargura maior, fotografada.

Tempo...
E não haver nada
,
Ninguém,
Uma alma penada
Que estrangule a ampulheta duma vez!

Que realize o crime e a perfeição
De cortar aquele fio movediço
De areia
Que nenhum tecelão
É capaz de tecer na sua teia!

4 comentários:

Teresa Durães disse...

Um poema lindo! Mas o agrilhoar não implica não deixar voar?

Xana disse...

Linda Teresa, agrilhoar ao coração.
Voar sim. Em sintonia com o caminho.

lobices disse...

...se o tempo fosse algo que possuíssemos, o tempo não seria tempo mas uma eternidade...
...daí que o tempo não tem tempo para ter tempo de ser tempo e nele voarmos e nos aquietarmos...
...gostei da poesia

Cristina Fernandes disse...

O tempo que queremos e não existe, o que existe e nem sempre queremos.
Um poema cheio de encanto, parabéns.
Desejos de um excelente 2010!
Chris