segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

...

"Chove.
E a trovoada
É um batuque incessante,
uma estranha batucada.

Os raios são setas de fogo
que misteriosamente, em tom de guerra
,
espíritos do mal lançam da altura
para incendiar a Terra.

O vento
Ora violento, ora brando,
o vento é o cazumbi dos cazumbis
-o Deus do mar, do rio e da floresta -
que vai cantando e dançando,
em tragicómica festa,
o seu coro de mil vozes,
os seus bailados febris.

As nuvens negras são virgens tontas,
quais almas do outro mundo,
errando como sonâmbulas
pelo céu negro e profundo...
é a chuva, constante e forte,
é o pranto (parece eterno)
dos deuses negros que a Morte
sacrificou no Inferno."

Geraldo Bessa Victor 1917(Benguela)

4 comentários:

Fernando Santos (Chana) disse...

Cara amiga, sem palavras !
Beijos

Sérgio Figueiredo disse...

Imagem muito bonita. Pode ser de medo mas não obrigatóriamente. Espera-se violência, é mais forte que tudo mas...há beleza.

BlueVelvet disse...

Querida Xana,
adorei tudo: a imgem e as palavras.
Sabes que eu adoro ver chuver e trovoada com os raios a cortar o céu?
Claro que me lembro sempre das degraças que podem acontecer, mas é mais forte que eu.
Muitos beijinhos e veludinhos, amiga

Gi disse...

Não conhecia este belíssimo poema, nem o poeta, confesso. Rendi-me á beleza das palavras. Logo eu que gosto das nuvens negras, carregadinhas de chuva e o ribombar dos trovões ...


Um beijo, noite feliz