segunda-feira, 22 de junho de 2009

Pessoa

"Criei em mim várias personalidades.
Crio personalidades constantemente.
Cada sonho meu é imediatamente, logo ao aparecer sonhado, encarnado numa outra pessoa, que passa a sonhá-lo, e eu não."
Já fez 121 anos que Fernando António Nogueira Pessoa ou Alberto ou Ricardo ou Álvaro, nasceu. Que me importa como ele assinava! O que me importa é que tudo o que escreveu fica...

E há coisas que me vêm direitas à alma.

Como esta: Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso?
Mas penso tanta coisa!

E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio?
Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe? Nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.

Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?

Ou esta: «Irrita-me a felicidade de todos estes seres que não sabem que são infelizes. A sua vida humana é cheia de tudo quanto constituiria uma série de angústias para uma sensibilidade verdadeira.»

Mas, como a sua verdadeira vida é vegetativa, o que sofrem passa por eles sem lhes tocar na alma, e vivem uma vida que se pode comparar somente à de um ser com dor de dentes que houvesse recebido uma fortuna - a fortuna autêntica de estar vivendo sem dar por isso, o maior dom que os deuses concedem, porque é o dom de lhes ser semelhante, superior como eles (ainda que de outro modo) à alegria e à dor..

1 comentário:

Teresa Durães disse...

Faz 121 anos sobre o nascimento de Pessoa e 75 anos da publicação da Mensagem. Esta já é considerada uma obra sem direitos de autor, por consequência. Nem toda a obra ainda atingiu a idade de perda de direitos de autor.

Onde mais me identifico é com Poemas de Fernando Pessoa e Alberto Caeiro