domingo, 2 de setembro de 2007

Finais...


O melhor das coisas é não lhes conhecer o fim. Acordar e não saber como vai ser o dia, adormecer e nem sonhar com quem vou sonhar. Partir sozinha e encontrar a companhia certa. Ficar sozinha em casa à noite e ouvir a campainha tocar. Deixar-me ir na vida, viver e deixar viver sem grandes opções do plano.
Não é tão fácil como entregar a existência a um esquema de vida cheio de programas e obrigações, mas é muito mais agradável, porque a vida está sempre à espreita, é só dar-lhe tempo e espaço. Alguem que eu adoro, me olhou e me disse repetidamente... "Estás a perder o teu tempo comigo" como um fim de algo, que nunca houve o principio... só no meu querer, no meu olhar, no meu sentir... sim, só sinto algo realmente marcante quando sei que não perco tempo em sentimentos fictícios por muito que sejam transparentes para o outro ser.
Por isso é que os finais são horríveis. Fica o vazio, deixo de ver ao longe, de repente, apagam-se as luzes e a vida fecha-se aos meus olhos. Depois do fim vem a pergunta fatal: E Agora? Dá-me vontade de ir à bruxa para ter uma ideia, mas resisto, até porque elas também se enganam. Aproveito o tempo para telefonar aos velhos amigos, arrumar gavetas e deitar papéis velhos fora, limpar a memória e deixar o coração de molho e carregar baterias.
Mas, o pior são as despedidas. É sempre horrível quando me dizem adeus, mesmo que seja só até logo à noite. Ouvir um adeus não é fácil, tal como dizer. Por causa de tanta dor e sofrimento que a palavra trás. As separações tornam-se irremediavelmente dramáticas, mesmo que seja por uns dias, ou até uma tarde. Nunca me dizem até já, a não ser que o reencontro seja daí a cinco minutos. Dizem sempre adeus, ou na melhor das hipóteses até logo porque logo se vê. Por isso que os fins doem tanto. Porque além de acabarem ainda tenho que me despedir.
Não, não gosto de dizer adeus nem de ver o fim de nada, sobretudo se não lhes vir o princípio. Prefiro dizer até um dia destes, mesmo que esse dia demore anos. Ou então, afastar-me sem uma palavra, e deixar no ar o mistério de não saber quando, como e porque é que nos voltaremos a encontrar. Assim não sou eu que ponho fim às coisas, mas as coisas que um dia acabarão, ou não, por si.

3 comentários:

butterfly disse...

"Deixar-me ir na vida"

Muitas vezes é isso que se deve fazer.
Deixar que o tempo passe, continuando a prestar atenção á beleza que nos rodeia.
Tudo é mutável.
Um abraço

Xana disse...

" tudo é mutável"
O que nos rodeia, assim... belo, presta atenção em nós...

Um abraço butterfly...

Teresa Durães disse...

xiiii

que duas

deixar ir na vida é quase desejar a morte

bah!

o que não vale a pena, não vale a pena. e continua-se a caminhar