terça-feira, 16 de outubro de 2007

Lágrimas ocultas

Florbela Espanca

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,

Ninguém as vê brotar dentro da alma!

Ninguém as vê cair dentro de mim!

... aquela solidão nas paredes me incomoda.
mistura de sentires inconstantes
no final... fecho os olhos sem nada.

2 comentários:

Teresa Durães disse...

os meus ainda não quiseram fechar. mesmo como il fault. Vou agora voar para a caminha!

beijos

(arranjei uma agenda de papel lolol)

João Filipe Ferreira disse...

gostei de ler o teu blog:)

participa tb em www.luso-poemas.net

:)